Candidatura Avulsa e Voto Facultativo

03:01 Postado por Geremias Pignaton

Neste ano, durante o curto período em que o ex-presidente Itamar esteve no Senado, ele participou de uma comissão criada para a Reforma Política. Nesses debates ele defendia a implantação do voto facultativo e da candidatura avulsa.
O voto facultativo é usado nas democracias mais evoluídas do mundo. Não vejo por que não ser implantado aqui também. Acho que atingimos um grau de maturidade democrática que nos permite isso. Talvez, algum tempo atrás, quando estávamos saindo da ditadura, justificava-se o voto obrigatório. Agora, não vejo mais assim.
Muitos são os argumentos contrários e a favor do voto facultativo. Acho que quem é consciente, que sabe da importância do voto vai continuar votando, mesmo sem obrigação. E quem não tem essa consciência vai, grande parte, deixar de comparecer às urnas. Talvez tenhamos uma melhora na qualidade do voto, com alteração na quantidade. Nesse tipo de discussão entra o argumento de que os políticos estimularão, de alguma forma - leia-se grana e promessas outras, tem gente que ainda acredita em promessas -, os eleitores menos preparados a irem às urnas. Isso eles já fazem e com a certeza de que o eleitor irá.
Com relação à cadidatura avulso, acredito que estimulará mais pessoas a se candidatarem, com consequente enfraquecimento dos partidos políticos.
A democracia representativa no mundo inteiro está em crise. A velocidade na comunicação estimula também a velocidade de mudança de opiniões e o modelo de representatividade com partidos políticos dá sinais de senilidade.
Cada vez mais se pretende uma participação direta. O cidadão não quer mais eleger um representante. Ele quer participar na hora, no momento, botar sua opinião instantânea.
Aliado ao enfraquecimento do maniqueísmo direita/esquerda, isso tem tirado a importância dos partidos.
As estruturas partidárias estão desacreditadas e com pouco prestígio junto aos cidadãos no mundo inteiro.
Acho que Itamar estava certo nas duas proposições.

2 comentários:

  1. Fransergio Pignaton disse...

    Quanto ao voto facultativo, acho que é seis por meia dúzia. Acho pode ser facultativo por praticidade, mas acho inóculo.

    O segundo acho igualmente inóculo, talvez com algums casos bem sucedidos, em termos eleitorais, que irão acontecer, principalmente com pessoas famosas. Não vejo, efetivamente, nenhum benefício, mas acho que tem que ser permitido dentro de uma democracia. No entanto, o candidato avulso teria que competir com os partidos, essa equação tem que ser bem avaliada, principalmente para as cadeiras do legislativo.

    No fundo não vejo nenhum grande benefício nas duas propostas, mas as acho mais democráticas. Por isso, sou a favor.

    Quanto ao modelo representativo, acho sim que tem que ser repensado; mais participação da população nas decisões orçamentárias, mais plebicitos para definir as questões mais importantes, como foi feito na Itália recentemente. Além disso a sociedade como um todo tem que pensar de forma responsável em como tratar os problemas sociais. Achar que um prefeito ou presidente, ou seja lá o que for, vai conseguir assumir um cargo e mudar a sociedade, resolver todos os probelmas sociais ... sonho. Até porque a maioria dos problemas sociais são gerados pelo o modelo de sociedade em si, e se a mudança não for estrutural, política pública nenhuma terá capacidade para isso. Ficar esperando um político heróico que lutará contra tudo e contra todos para que nós possamos seguir em nossas careiras sendo bons cidadões, ganhando nosso dinheiro e deixando todos os problemas para que alguém os assuma... hum... tudo muito confortável, né não!?

  2. Fransergio disse...

    Nunca é tarde para se corrigir! No lugar de inóculo é inócuo!!!!