O Bandeirão

03:39 Postado por Geremias Pignaton



O Código Penal Brasileiro define a loucura pelo portador: "louco de todos os gêneros". O sábio legislador penal sabia que são muitos os gêneros de loucura, a maioria deles inofensivos.


Outro sábio, o roqueiro Raul Seixas chamou o louco benigno de "maluco beleza".


O limite entre a loucura benigna e a loucura maligna é muito tênue.


Há uma semana, tivemos o mais devastador ataque de loucura de nossa história no episódio de realengo.


Ontem, aqui em Brasília, tivemos um outro notório ataque, só que de proporções destrutivas muito menores. Um maluco subiu o mastro do bandeirão da Praça dos Três Poderes e ateou fogo no nosso símbolo nacional máximo.


Esse mastro foi edificado em 1972, sob o regime militar, na época do Medici. Era a época em que se tentava fazer o Brasileiro sentir orgulho da pátria. Tentavam incutir no povo o tal "orgulho besta" de achar que o Brasil era o máximo. Tudo para encobrir uma ideologia concentradora de renda, entreguista e opressora.


O mastro ostenta a bandeira de 286 metros quadrados a cem metros de altura .


Tudo foi feito à revelia de Oscar Niemeyer, o arquiteto genial que idealizou a praça. Os militares tinham Niemeyer atravessado na garganta. Ele é comunista e contrariava a ideologia militar. Fizeram de tudo para descaracterizar sua obra.


Lembro-me que, adolescente, na década de 70, vinha a Brasília visitar minha irmã e o pessoal chamava aquele mastro de "supositório de milico".


Hoje, faz-se a troca da bandeira todo primeiro domingo de cada mês, numa cerimônia militar muito bonita. O Exército, a Marinha, a Aeronáutica e a Polícia Militar do DF se revezam na troca, um mês cada força.

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