Paulo Hartung

16:49 Postado por Geremias Pignaton

O escritor capixaba, Maciel de Aguiar, está escrevendo um livro inspirado nos oito anos de governo Hartung. Ele deu uma entrevista ao Seculodiário muito interessante. Num trecho, o entrevistador pede para ele descrever o Governador:

Então, quem é Paulo Hartung?

— É um belo personagem, tão controverso quanto amado e odiado. Um gênio da cena política capixaba e, se fosse de um estado com mais peso político, seria candidatíssimo à presidência da República. Ele é um político obcecado pelo poder e implacável com os adversários. Um estrategista eleitoral que não erra em eleição, não entra em bola dividida, não dá declaração para gerar instabilidade, foge dos problemas de repercussão na mídia como o diabo, da cruz. Mede suas ações de acordo com o coeficiente eleitoral em questão, sabe mandar recados atemorizantes e não deixa impressão digital. Paulo Hartung destruiu todos os inimigos durante sua vida pública. Nas eleições de 2010, ele fez o inimaginável, derrotou os Mauro, pai e filho, embora não os tenha matado. Elegeu César Colnago, Lelo Coimbra, Ricardo Ferraço e quase todos os deputados estaduais e federais. Mas eleger Rodney Miranda, um desconhecido, com 65 mil votos, foi seu maior feito. O risco é de Rodney Miranda se achar um fenômeno. Essas eleições coroaram a genialidade de Paulo Hartung. Ele contabilizou apenas duas meias derrotas: não conseguiu derrotar Rose de Freitas e Magno Malta. Assim, não terá adversário com mandato nos próximos quatro anos. Paulo Hartung não faz o tipo falastrão, ao contrário, ele fala baixo, é educadíssimo, tem gestos comedidos, não deixa os cabelos em desalinho e está sempre com barba bem feita. Quando aparece na TV, magnetiza o telespectador com seu gestual de anjo querubim. Usa roupas impecáveis, é incapaz de uma deselegância em público com quem quer que seja, e quem o vê pela primeira vez o acha um gentleman. Por isso, é um personagem fascinante.

— E quais os defeitos?

— Muitos, mas é uma panela de Teflon, nada pega. Quantos já tentaram colar um defeito em sua biografia? Como escritor, com um mínimo de senso prático da profissão, tenho que me encantar pelo personagem, seja ele quem for. Até o mais virulento, o mais despótico e o mais sanguinário. Tenho que encontrar uma forma de construir uma história sem exercer o papel de juiz. Como escritor, não posso condenar Paulo Hartung. Preciso construir uma história cujo personagem principal possa provocar ódio e paixão ao mesmo tempo. O que Odorico Paraguaçu diria de Dias Gomes? É claro que Dias Gomes sabia que Odorico era o protótipo do político salafrário, velhaco, cafajeste, corrupto e pusilânime. Não vou construir O imperador para execrar Paulo Hartung. O leitor é que terá de tirar as conclusões. Quero construir um personagem que possa despertar admiração e ódio. Agora, estou escrevendo o capitulo de sua possível solidão após a posse de Renato Casagrande. Imagino inúmeros problemas existenciais, medos, virtudes e paixões. Ele sabe que ficará sem o poder de mando. Será a primeira vez que estará na planície. São 27 anos no alto do fuste, e isso vai atormentá-lo. Ele sabe que tinha um mandato de senador e, pela primeira vez, errou. E o que mais o atormenta é que ele poderia sepultar Magno Malta, e perdeu a oportunidade. Isso pode fazer a diferença em suas atitudes. E sabe, também, que construiu muitos inimigos. Mas o que pesa contra ele é a desconfiança. O PT não confia nele, nem Lula, nem Dilma, nem Zé Dirceu. No PSDB, é a mesma coisa, mesmo sendo ele do ninho tucano, em nenhuma das hipóteses ele terá um ministério, uma diretoria da Petrobras ou um cargo de primeiro escalão. Terá que sobreviver fazendo o que mais entende: atemorizar. Já mandou um emissário propagar que pode ser candidato a prefeito de Vitória em 2012, só para fazer o PT tremer de medo. Não vai existir ninguém com a capacidade de Paulo Hartung. Por isso, ele é um personagem pronto. É certo que, dependendo das circunstâncias, ele pode não gostar da história, mas não farei juízo de valor. Para escrever, tenho que me encantar pelo personagem, preciso rir de suas trapaças, seus golpes geniais, suas falácias e seus truques. O escritor precisa se apaixonar pelo personagem, mesmo sendo ele um tirano. Estou construindo uma história com uma boa dose de humor, mesmo com todas as denúncias de abuso de poder e culto à personalidade. Não podia ser diferente.


Para ler toda a entrevista http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=6933

2 comentários:

  1. Scarafaggio Nero disse...

    Achei que a primeira resposta ele já tinha citado os defeitos!

    E tem gente, como esse escritor, que fica babando o ovo de gente assim.

    Look in my eyes, what do you see?
    The Cult of personality
    I know your anger, I know your dreams
    I've been everything you wanna be

    Oh...

    I'm the cult of personality
    Like Mussolini, and Kennedy
    I'm the Cult of personality
    The Cult of personality
    The Cult of personality

    Neon lights, Nobel Prize
    When the mirror speaks, the reflection lies
    You won't have to follow me
    Only you can set me free

    I sell the things you need to be
    I'm the smiling face on your T.V.
    Oh, I'm the cult of personality

    I exploit you still you love me?
    I told you one and one makes three
    Oh, I'm the cult of personality
    Like Joseph Stalin, and Gandhi
    I'm the cult of personality
    The Cult of personality
    The Cult of personality

    Neon lights, Nobel Prize
    When a leader speaks, that leader dies
    You won't have to follow me
    Only you can set me free

    You gave me fortune
    You gave me fame
    You gave me power in your god's name
    I'm every person you need to be

    I'm-The-Cult-of-Per-son-na-lity
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    I am the Cult of...
    Personality!

  2. Fransergio disse...

    Realmente, se esse é o P.H. verdadeiro, não o vejo com a mesma excitação que o escritor demonstra.