Jornal Nacional

13:10 Postado por Geremias Pignaton

O nome Jornal Nacional é porque antes os jornais televisivos eram regionais. A Globo, no fim dos anos 60, começou a fazer um jornal único para, a princípio, Rio, São Paulo, BH, Brasília e Curitiba. Deu-se, então, o nome Jornal Nacional.
Hoje, assisti a um programa da TV Educativa Paraná, um bate-papo entre dois decanos do jornalismo brasileiro, Carlos Chagas e Mauro Santayana. Eles falavam da época da ditadura militar.
Contaram uma história interessante e engraçada. Os guerrilheiros, chamados de terroristas pelos militares, sequestraram o embaixador dos EUA. Os americanos ordenaram que o governo militar cumprisse as exigências dos sequestradores.
Os guerrilheiros exigiram, para não matarem o embaixador, três coisas: que libertassem umas duas dezenas de presos políticos que estavam sendo torturados, que distribuíssem alimentos nos morros do Rio e que lessem um manifesto em rede nacional.
O governo levou os prisioneiros listados para o México e os libertou. Distribuiu alimentos com carros do exército nas favelas e mandou que lessem o manifesto no Jornal Nacional que estava começando naquela época.
O apresentador do JN era o Cid Moreira, ainda novinho e magrinho. Apareceu vestido de terno branco, ele também branco de medo, começou a ler o manifesto que tinha em suas mãos sobre a mesa: "este governo ditatorial, torturador, incompetente..." Ia por aí, até que lá pelo meio, depois de ler mais uma frase de efeito atacando a ditadura, Cid, meio trêmulo, levantou as mãos com as folhas e disse no ar: "isso quem tá dizendo é o manifesto, não sou eu não!"
Momentos tensos de nossa vida política, anos de chumbo.
Quem redigiu esse manifesto foi o Franklin Martins, jornalista, hoje integrante do Governo Lula, nosso conterrâneo capixaba e um dos sequestradores, junto com o deputado Gabeira.

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